quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

QUE TIPO DE SOCIEDADE ESTÁ SENDO CONSTRUÍDA?

Que tipo de sociedade está sendo construída?

Daniel Lima
Todo movimento que surge com minorias começa estridente, reclamando o direito de ser ouvido. A princípio pedem liberdade, pedem que não sejam oprimidos e que sejam tratados com dignidade. Infelizmente a história mostra repetidamente que uma vez estabelecidos, estes mesmos movimentos passam a coagir aqueles que pensam diferente e obrigá-los a viver como se concordassem com seus pressupostos. Lamentavelmente isso é em parte verdade na história da cristandade (não confundir com cristianismo: cristandade refere-se à civilização desenvolvida por grupos que se dizem cristãos; cristianismo é o conjunto de doutrinas daqueles que seguem a Cristo). Este começou como um movimento proscrito e perseguido, mas que após alguns séculos passou a perseguir quem não concordava com ele.
O movimento LGBTQ+ começou afirmando direitos e pedindo dignidade. Esperava combater abusos e injustiças. No entanto, uma vez estabelecida esta primeira fase, isso não basta. Há uma agenda que deseja levar todo ser humano a concordar com seus pressupostos. Nesta última terça feira (02/10), foi divulgada uma sentença de um tribunal britânico que concluiu que “a crença em Gênesis 1.27, falta de crença na transexualidade e objeção consciente ao transexualismo em nosso julgamento, é incompatível com a dignidade humana e conflita com os direitos fundamentais de outros”. O caso é de um médico cristão com 30 anos de prática, o doutor David Mackereth, que se recusou a preencher um formulário identificando um paciente biologicamente masculino como mulher. Ele aceitou tratar o paciente por seu nome social e foi gentil em todo o contato, mas se recusou a preencher a ficha com o que considerou uma “óbvia mentira”. Ele destacou que o hospital teria todo o direito de encaminhar o paciente em questão a outro médico. O evento ocorreu em 2018 e resultou em sua demissão. Após meses de batalha jurídica, a corte britânica deu ganho de causa ao hospital e emitiu a sentença mencionada acima.
A decisão aponta para o fato de que estamos caminhando para uma sociedade onde pensar diferente e expressar uma opinião divergente, mesmo com gentileza e respeito, não são mais atitudes aceitáveis e devem ser respondidas com sanções.
O que preocupa é quando uma corte em um país tido como democrático e desenvolvido considera-se capaz de determinar que crença bíblicas são incompatíveis com a dignidade humana. Certamente isso deve levantar questionamentos tanto na área de liberdade de consciência, liberdade de opinião como liberdade religiosa. A decisão de uma corte britânica não deve ser vista como uma conspiração mundial, mas aponta para uma agenda ideológica global. Não creio que este caso será um definidor de decisões futuras, mas aponta para o fato de que estamos caminhando para uma sociedade onde pensar diferente e expressar uma opinião divergente, mesmo com gentileza e respeito, não são mais atitudes aceitáveis e devem ser respondidas com sanções – no caso, a perda de um emprego.
Isso não deveria nos surpreender. Deus nos alerta por meio do profeta Isaías, no capítulo 5, verso 20, ao afirmar: “Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo!”. O Senhor Jesus também nos fala que no mundo teremos aflições e seremos perseguidos por nossas crenças. Isso tudo parece coisa de estados medievais, mas estão muito mais presentes do que imaginamos. Como reagir diante disso tudo? Uma vez mais Jesus nos instrui por meio de Mateus 10.16-20:
16Eu os estou enviando como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas. 17Tenham cuidado, pois os homens os entregarão aos tribunais e os açoitarão nas sinagogas deles. 18Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis como testemunhas a eles e aos gentios. 19Mas, quando os prenderem, não se preocupem quanto ao que dizer, ou como dizê-lo. Naquela hora, será dado o que dizer, 20pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do Pai de vocês falará por intermédio de vocês.
Vejo aqui alguns princípios que creio serem fundamentais para todo cristão em qualquer situação de conflito ideológico:
  1. Não confie cegamente na justiça humana. O mais democrático e justo Estado ainda se curvará a ideologias humanas e opostas a Deus.
  2. Nossa força não está na agressividade. Somos ovelhas e não lobos. Infelizmente, alguns cristãos defendendo a causa correta se tornam tão vorazes quanto lobos. Isso é fazer o jogo do mundo.
  3. Devemos ser prudentes e não fazer afirmações descuidadas; ao mesmo tempo, precisamos ser simples e não desenvolver estratégias manipulativas. Isso, mais uma vez, seria fazer o jogo do Diabo.
  4. Seremos chamados a dar razão de nossa fé (1Pedro 3.15-18) e não necessariamente em uma situação de imparcialidade (lembre-se: ovelhas e lobos). Seremos injustiçados e tratados com crueldade.
  5. Ao mesmo tempo, estas são oportunidades para manifestarmos nossa fé diante de pessoas influentes.
  6. E para aqueles que, como eu, temem não saber o que falar, há uma promessa maravilhosa de nosso Deus: “... o Espírito do Pai de vocês falará por intermédio de vocês”.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

PORQUE DEUS PERMITIU O APEDREJAMENTO?

Por que Deus permitiu o apedrejamento?

Bobby Conway
Certas partes das Escrituras são mais difíceis de entender do que outras. É o caso das passagens que falam do apedrejamento (ver Levítico 20.2724.16Números 15.32-36Deuteronômio 13.6-11; 21.18-21). Eu posso entender a pena de morte, mas o apedrejamento parece tão bárbaro, cruel e severo, especialmente quando o mandamento é direcionado para pais que acusam filhos rebeldes, como visto em Deuteronômio 21.18-21:
18Se um homem tiver um filho obstinado e rebelde que não obedece ao seu pai nem à sua mãe e não os escuta quando o disciplinam, 19o pai e a mãe o levarão aos líderes da sua comunidade, à porta da cidade, 20e dirão aos líderes: “Este nosso filho é obstinado e rebelde. Não nos obedece! É devasso e vive bêbado”. 21Então todos os homens da cidade o apedrejarão até a morte. Eliminem o mal do meio de vocês. Todo o Israel saberá disso e temerá.
Essa é uma passagem difícil de processar, você não acha? Eu prefiro uma morte por injeção letal, mas apedrejamento? Que bagunça. Como cristãos, como devemos entender esses versículos?
  1. Devemos entender esse texto, como todos os textos, em seu contexto. Não podemos sobrepor nossa compreensão ocidental do século 21 nesse ambiente antigo. Nada trará mais confusão e frustração do que isso. A nossa cultura é uma em que um pequeno golpe causa grandes problemas. Não é de admirar que o apedrejamento seja mais difícil de digerir.
  2. O apedrejamento era o último recurso. O filho descrito nesses versos apresenta um espírito inflexível e rebelde. Ele está mergulhado no pecado, entregando-se livremente à embriaguez e à gula, recusando-se a responder a qualquer disciplina dos pais – ignorando completamente o quinto mandamento. Esses versos descrevem um caso aparentemente sem esperança, onde a pessoa segue o seu próprio caminho; indo contra Deus, seus pais e os princípios da nação teocrática que o rodeia. Ele é um filho “leproso” cujo pecado, se não for controlado, se espalhará e desfará o tecido moral da nação. Depois que os pais percebem a obstinação de seu filho, eles buscam intervenção externa como um recurso final.
  3. O propósito final do apedrejamento era extinguir o mal da comunidade e criar um medo saudável de viver uma vida moral descontrolada. A saúde da nação depende de toda a comunidade andar em sintonia com Deus. Isso não significa dizer que as pessoas não pecavam. Elas pecavam. Muito. E havia todo um sistema de sacrifícios em funcionamento para que as pessoas pudessem obter novamente uma consciência limpa diante do Senhor. O filho descrito nesses versículos não estava buscando uma consciência limpa – sua consciência estava cauterizada.
  4. Esse não era um costume comum. Curiosamente, temos pouquíssimos casos de apedrejamento que ocorrem nos registros bíblicos e não tenho conhecimento de nenhuma evidência extrabíblica de que essa punição tenha sido comumente executada. Talvez sua ameaça tenha sido suficiente para dissuadir as pessoas de tal comportamento REBELDE.
Por fim, Jesus serve como exemplo do coração de Deus em relação ao apedrejamento. Em João 8.7 ele disse àqueles que acusavam a mulher adúltera: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela”. A lei nos ensina que somos todos infratores. Sob a lei de Deus, todos merecem a pena de morte, mas Jesus a experimentou em nosso lugar, mesmo que ele tenha sido o único a cumprir a lei. Essencialmente, ele foi apedrejado por nós em um ato de amor incondicional ao experimentar a morte em nosso lugar.